Numa era definida como "modernidade líquida", onde as relações se desvanecem tão rápido quanto surgem, o autoconhecimento e posicionamento é fundamental!
Por muito tempo me considerei uma pessoa indecisa, "meio termo", em cima do muro. Nunca fui a mais bonita dentre as minhas amigas; nem a mais inteligente de todas, muito menos a mais delicada. Mas eu tinha um olho azul - e embora todos citassem, eu tinha dificuldade em entender qual era o diferencial - era extremamente esforçada, e (sempre que possível) educada. Sempre tirei boas notas, respeitei as regras, andei conforme os padrões. Sempre vivi de maneira a não gerar conflitos, a encontrar o equilíbrio (ou o que eu ao menos achava que fosse isso), tentando agradar todas as partes. Quando me dei conta, percebi que vivia fazendo malabares: buscando manter as bolas no alto, rodando, cada uma a seu tempo... Mas o que acabava acontecendo era que no final tudo caía no chão. Porque por mais que dominemos muitos conhecimentos e artimanhas, não há controle ou previsibilidade sobre os sentimentos, desejos e frustrações alheias. Querer simplesmente viver para agradar a todos é assinar um atestado de infelicidade.
Fui me moldando a partir das relações e me reconhecendo através do discurso dos outros. Aprendi a ler as verdades por detrás das piadas. E algumas vezes senti raiva, confesso: não me reconhecia naquele espelho. Entretanto, após uma delicada análise e reflexão, comecei a aprender a separar o que era meu e o que era do outro. Comecei a fazer as pazes com meus defeitos, e entender que eles também faziam parte de quem eu era. Desisti da perfeição, ao invés disso, decidi viver o melhor de mim todos os dias! Nessa caminhada aprendi que, no fundo, eu não era indecisa, eu tinha é medo de DESEJAR e ME PERMITIR. Eu tinha medo de exprimir meus pensamentos, minhas ideias, minhas vontades... e me reprimia. Com medo - olha só que besteira - do que os outros iriam achar! A minha libertação veio quando constatei na prática de que não importava o que eu fizesse, quão boa fosse, as pessoas achariam o que quisessem. E tudo bem. Me desapeguei da necessidade de agradar a todos - assim como os outros também não me agradariam sempre. Parei de tentar lutar contra a correnteza, de querer reter o que ou quem deve ir, pessoas que as vezes nem tinham tanto assim a ver comigo. Não é um simples desapego, é uma questão de sabedoria. A vida é um fluxo, ela nunca para, e nesse processo a gente se molda, se refaz... E tudo bem! É nessas idas e vindas que a gente se encontra.

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