"Quem vive de passado é museu"

 Imagem de Clyfford Still Museum

Dizem que "quem vive de passado é museu" e eu costumo utilizar muito essa frase também, mas se pensarmos bem, museus são lugares interessantes para se visitar de vez em quando - apenas de vez em quando. Museus guardam peças importantes da história, pedaços do que foi, são recheados com obras de arte, poesia, manifestos, por vezes transitando entre o passado e o real. Se fizermos um paralelo com a vida, assim também é nossa existência: vivemos o hoje, por vezes transitando entre o atual e as lembranças do que foram, também projetando aquilo que pode ser. Concordo que não podemos nem devemos nos acorrentar às memórias, fazendo delas presente, mas as vezes é preciso revisitá-las até mesmo pra relembrarmos e compreendermos como chegamos até aqui.
O passado é um lugar interessante para nos dar perspectiva. Ele nos mostra o que já fomos; o quanto já enfrentamos e superamos; ele evidencia nossa evolução - ou até mesmo a falta dela. Revisitando-o nos damos conta do quanto criamos, de quantas novidades absorvemos, mas também nos revela as repetições e manias que ainda revivemos ou mantemos. Ressalta o quanto ainda estamos apegados a um sentimento, uma emoção, uma memória - coisas que por vezes nos impedem de evoluir. Tornar ao passado através da história tem, então, essa possível característica de nos dar clareza e consciência sobre nossa situação atual, nos permitindo agir em cima dela, eliminando as resistências e barreiras que nos impedem de avançar. Por essa perspectiva, dar um pulo no passado torna-se libertador. Nos permite que façamos as pazes com ele! É um bom momento para ressignificações: entender de onde surgiram certos sentimentos, manias e traumas, compreendê-los e transformá-los em algo que nos empodere e não mais paralise.
Mas não nos delonguemos ali. Visitar o passado deve ser apenas um exercício para o autoconhecimento. Se vivemos nele, de fato, estamos regredindo e não avançando como na vida deve ser. E se ele ainda ecoa no presente, ele não é bem um passado, mas ainda existe e, portanto, ainda presente (e devemos entender o porquê). É um pouco confuso, eu sei, mas no final das contas o que quero dizer é que precisamos aprender com a nossa história e utilizá-la para nos aprimorarmos e evoluirmos. Entendemos que errar é humano, mas também já consenso que persistir em um erro é burrice. Que aprendamos, então, a utilizar essa bagagem como alavanca e nos desfazermos das correntes que nos retém de realizarmos todo nosso potencial.

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