Sobre o amor...
... e coisas que nem sempre a gente diz.
Não
existem assuntos tão subjetivos nesse mundo quanto aqueles que dizem
respeito aos sentimentos, as emoções e aos sentidos. Entre palavras,
conceitos e linhas tentamos objetivar os sentidos, concretizar os
pensamentos, definir o indefinível. É claro que é preciso objetivar e
conceituar certas experiências universais a fim de facilitar a vivência e
sobrevivência. Como uma dor de barriga, por exemplo. Eu imagino uma
criança que pela primeira vez sente uma dor de barriga e corre para a
mãe, sem conseguir explicar o que tem. "Dói aqui, ta doendo minha
barriga". E, como reza a lenda que mãe sabe de tudo, ela entende que seu
filho está com uma dor de barriga, nomeia essa sensação para a criança e
toma as devidas providências. Mas ainda que, pela experiência e pela
mediação de outra pessoa mais experiente no assunto do que ela, essa
criança aprenda o que é uma dor de barriga, ela ainda poderá ter várias
intensidades, proporções, podendo ser sintoma dos mais diferentes tipos
de acometimento: pode ser uma doença, uma intoxicação, uma indigestão ou
pode ser uma cólica disfarçada. Mas isso ela vai aprender com o tempo,
com a experiência, com a vida e, no seu conhecimento, vai saber dizer
quando precisa apenas ir ao banheiro ou quando está intoxicada. Cada um
conhece o corpo e as sensações que tem de maneira única, porque cada um
sente e experiencia o mundo de forma única e subjetiva. Com o amor não
seria diferente.
Nesse
mundo com Disney e contos de fadas, a gente cresce ouvindo histórias com
príncipes e princesas, que se apaixonaram a primeira vista, lutaram até
a morte para estarem juntos e no fim, apesar das bruxas, armações,
intempéries e obstáculos, eles ficam juntos e vivem felizes para sempre!
Lindo, maravilhoso! Mas não esqueçamos dos romances adolescentes, em
que o lindo casal, inicialmente meros conhecidos e/ou insuportáveis um
ao outro, terminam juntos. Qual é mais provável? Eu digo que os dois.
Sim, porque no amor não existem regras, não existem porques, não existem
motivos... O amor acontece! Ele pode acontecer "à primeira vista", mas
também pode levar anos até que seja descoberto. O amor é simples, eu não
posso negar. Mas as vezes a gente esquece (e as histórias nem sempre
contam) do quanto nós mesmos podemos contribuir para o seu
crescimento... ou não. É que em alguns quesitos não dá pra discordar: o
amor não é só sentimento, mas é escolha e é ação! É se permitir amar, é
se permitir sentir, sofrer, lutar, gostar. É, na medida certa e
necessária, se permitir mudar. É superar os medos, os questionamentos,
as inseguranças. É verdade que quando se ama muito disso vem ao natural.
Não pesa, não é penoso, não é monstruoso. É natural!
Não sou a pessoa mais romântica da terra, mas eu não posso negar que o amor
tem um brilho especial, tem um olhar diferente... Há quem diga que muda
até o brilho da pele da gente. Você tem amigos, então percebe que só ri à
toa assim quando está com ele(a). Você já se apaixonou outras vezes e sabe
que a paixão tem prazo de validade. Mas quando você perceber que aquela
outra pessoa te faz, de alguma forma, de algum jeito, brilhar um pouco
mais e agir, em alguns aspectos, de uma maneira particular, então você
saberá dizer. O amor a gente sente. Por amor a gente escolhe. Por amor a
gente age.
Mas ninguém
conta que por amor a gente também sofre, as vezes chora, se
desentende, sente saudade. Nem sempre contam que da mesma forma que tem
gente que exige um bilhetinho enquanto outros preferem apenas um
beijinho, cada um tem sua própria forma de sentir. E por isso, nem
sempre conseguimos enxergar quando isso acontece. Ou simplesmente não
conseguimos nomear o que estamos sentindo: é amor ou amizade? É amor ou é
paixão? Alguns amigos seus dirão que é amor, outros que você está
confundindo... Outros ainda dirão que é viadagem. Mas o único que poderá
saber é você! Mesmo que muitos sentimentos aflorem ao natural, a
verdade é que algumas pessoas as vezes precisam de um empurrãozinho, uma
dose de coragem e um punhado de vontade. No amor não existe certo,
jeito errado... Existe apenas amar.
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