Talvez eu deveria estar feliz, ja que isso me traz o gostinho da dúvida e da ânsia pelo amanhã, mas eu vou confessar que certas horas odeio a incerteza que é minha vida. Ontem eu estava em um pequeno apartamento e era minha mãe quem cuidava de nós, minha casa vivia lotada de pessoas; mas não quaisquer pessoas... eram pessoas amadas, queridas por mim, que, sem saberem, marcaram profunda e amargamente a minha vida (talvez a marca delas fosse apenas profunda e as minhas escolhas as tornaram amargas). No dia seguinte minha vida estava de cabeça para baixo, o calor dos abraços e carinhosos afagos de minha mãe se encontravam agora a km de distância, aqueles amigos ja não são mais tão "amigos", talvez devesse me dirigir a eles como colegas, ou melhor, conhecidos. Vou confessar que sinto uma falta irrepreensível deles, ganharam um pedaço do meu coração e foram embora, se esquecendo de devolvê-lo.
Apesar do que parece, não culpo ninguém por isso, afinal, foi caminhando com meus pés que cheguei até aqui, mas eu devo dizer que a dor do arrependimento dói, talvez mais do que a da incerteza. Antes fosse uma dor como a de camões, "dor que dói e não se sente", mas ao contrário, essa dói e se sente da pior maneira que se pode sentir: no coração, na alma. Ela existe adormecida, quase não se nota e nessas horas essa pequena intrusa talvez realmente não machuque. Ela age quando seu pensamento vaga pelas lembranças e se choca com determinado acontecimento, quando a memória se enche do que não se quer recordar... é faísca suficiente para nascer fogo e queimar.
Não é que eu seje uma fracassada ou viva de passado, longe de mim, mas eu sou humana e as vezes gostaria que algumas coisas fossem diferente. 
Eu poderia até dizer que se pudesse voltar ao passado faria minha vida tomar outro rumo, 'pegar' outra estrada, mas seria uma mentira. Quem sabe o que aconteceria? Não me cabe saber isso, eu só sei que a cada minuto uma linha nova é escrita e daí sim, eu posso dizer que vou fazer o que puder pra que seja diferente. 

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